(a barricada de cadeiras na porta da escola)
Muita coisa aconteceu desde as 3:44 da manha de ontem quando fiz o ultimo post, tanta, que não tive tempo de narrar pouco a pouco os acontecimentos e agora vou tentar sintetizar eles. Vou dividi-lo em 2 posts. Um hoje e o outro quando o tempo me deixar.
Depois de dormir as 5 da manha, tivemos que acordar as 8:30 pois tinha se convocado uma assembléia geral de alunos onde iria se votar pela proposta da direção.
A assembléia desafortunadamente não contou de novo com o 60% dos alunos que se precisavam para ter poder resolutivo, mas fomos pressionados para dar uma resposta então decidimos fazer a votação mesmo sem o 60% pois tinham sido convocados todos os alunos por e-mails, telefonemas e ate mesmo um chamado do diretor no tão polemico site da escola para que estivessem presentes. A votação ocorreu e foi rechaçada a proposta da direção por um 56% dos que estavam presentes, o que implicava que a ‘Okupa’ da escola continuava.
Após isso, quando o resultado foi entregue a direção, percebemos como tinha começado uma das crises mais significativas para a ocupação ao dar o poder resolutivo a menos do 60% dos estudantes. A votação finalmente foi invalidada, mas então ficamos sem uma resposta para a direção e uma evidencia real do principal problema que esta ocupação teve desde a sua criação: Uma falta de participação e comprometimento da maioria dos alunos.
Foi ai onde eu tive que repensar e analisar as atividades e todas as atitudes.
Percebi que tínhamos conseguido levar bem a educação libertaria em aulas como: ‘os direitos dos presos’ dada por 2 companheiros de 3ro, ‘revoluções do mundo pelo olhar do marxismo’ por um membro do PRML (Partido Revolucionário marxista-leninista), ‘Anarquismo Social’ por um membro ativo do movimento clandestino anarco-comunista e finalmente ‘educação libertaria’ por outro companheiro de 3ro.
(alguns da 'comunidade' reunidos as 3 da manha vigilando)
(outros da 'comunidade' ouvindo as noticias do movimento estudantil pela radio)
A proposta de viver em comunidade também foi positiva, mas só com quem estava realmente comprometido com o projeto, ao redor de 50 pessoas.
Tristemente percebi que quem levava este projeto era quem vivia nessa comunidade e o resto que vinha participava pouco ou nada. Foi nesse ponto que percebi que ocupando a escola tinha conseguido fazer pouco para levar ao campo do real a educação popular. As 50 pessoas eram quem participavam em todas as aulas e o restante eram alunos da escola que variavam ou alguns poucos do cordão comunal de peñalolen (CEP). Como eu constantemente disse enquanto estava na escola: “a ocupação vai cair pelo próprio peso dos nossos erros”, tínhamos cometido 2 muito grandes, a falta de democracia para rechaçar o projeto da direção e a deficiência na ‘popularidade’ das aulas. Também me prometi que a partir do ponto onde já não poderia justificar a ‘violência’ que implica ocupar um espaço privado que era a escola, eu imediatamente iria me desligar da ocupação, e foi isso que aconteceu.
Após varias conversações e meia caixa de cigarros eu e um dos 4 voceiros internos que a assembléia tem, decidimos que a ocupação tinha perdido 3 das bases que a mantinham (democracia, aulas populares e a justificação da ocupação física do espaço). Muito triste, decidi que desafortunadamente era hora de se desligar dessa ocupação, e acredito eu foi num bom momento. Eram as 11 da noite da 4ta feira.
Critilo²

Hoje foi um dia que determinou as mobilizações na escola Altamira. Após uma reunião Sábado com a diretoria, onde foi proposta uma alternativa ao paro indeterminado votado pela maioria dos alunos da escola. A proposta foi chamada de “mobilización permanente” e era mais um projeto social com caráter paternalista (mais ou menos dizendo: “coitados os pobres! Eu, que sou melhor, posso fazer a boa ação do dia e ir dormir tranqüilo”) que procurava uma apertura da escola para o resto da comunidade, a apertura é um objetivo valido que valoro muito (tanto, que vamos abrir a escola para todos na toma) mas a proposta tem pouco a ver com as mobilizações atuais em rechaço a lei que regulara a educação no Chile para os próximos 30 anos. O principal problema com essa proposta era que se substituía a mobilização estudantil pelo projeto social. Propus varias vezes levar em paralelo os dois projetos, coisa possível, mas a diretoria tinha especificamente criado essa alternativa de projeto social com a intenção de “conter as mobilizações estudantis” como diz uma carta do centro de pais da escola.
Decidiu-se então fazer uma votação para decidir se aceitávamos a alternativa da escola e deixávamos as mobilizações ou continuávamos sem a aprovação da diretoria. Entre as 5 opções de voto (Nulo, a proposta da diretoria, um paro com aula em paralelo, um paro geral sem aula ou uma ocupação) a diretoria não autorizaria nem um paro em paralelo e menos ainda um paro geral, tendo, no meu ponto de vista, ou aceitar a proposta ou ocupar a escola como as únicas opções viáveis para continuar.








