A função deste Blog?

Contrarrestar a mídia globalizada, difundindo o fato para lugares onde não chega essa informação de forma convencional, mostrando um ponto de vista critico e apegado à verdade dos fatos e da realidade vivida pelas pessoas que os protagonizam. De essa forma expor ás pessoas aos acontecimentos e além de noticiar o fato, criar uma reflexão critica e um aprendizado.
Declaro uma guerra direta e aberta ao Alienado e ao Facilista...

quinta-feira, 31 de julho de 2008

GLOBALIZEMOS NOSSAS LUTAS!

"Pois outro mundo é possível"
A globalização é o atual processo em que o capitalismo se encontra, é uma pseudo evolução do Neoliberalismo, conseqüente do final da guerra fria e hegemonia dos EUA. É por meio deste processo que a cultura regional é substituída por uma cultura artificial, que existe em todos os países, mas não representa ninguém.
O único que prega é o consumo e a conseqüente alienação.
Nesse contexto, America latina é o “laboratório” de muitas teses políticas e econômicas impostas pelos EUA: o plano Colômbia e a “segurança democrática” do presidente Colombiano Uribe é a maior expressão da política bélica e "anti-terrorista". A ALCA ou TLC é a implantação econômica dessa globalização, onde a America latina volta a ser colônia, mas a metrópole desta vez serão as multinacionais (outro exemplo da globalização), regulada pela “Mão Invisível” do mercado.
Para fazer resistência e o mais importante, construir uma alternativa é necessário a união de todos os que fazem parte da luta pela justiça. Pratiquemos o Internacionalismo, mas não por meio dos estados e governos, mas pelos movimentos e assembléias sociais, de base e democráticos.


Reconheçamos nossas diferentes culturas, aprendamos nossos idiomas e identifiquemos nossos pontos em comum, aprendamos com os erros e acertos dos demais movimentos e agrupamentos. Desconheçamos essas linhas imaginarias que chamamos fronteiras e globalizemos nossas lutas.
Aceitemos que a globalização é o atual processo histórico, mas o usemo-lo a nosso favor. A internet tem um grande valor, graças a ela você lê o que escrevo, graças a ele eu sei o que acontece na Colômbia, no Brasil, na África, Ásia, Europa e até mesmo na cidade onde moro. Mídia independente (rádios, revistas, panfletos e sites), blogs, o Orkut, todos os recursos que temos podemos usá-los a nosso favor. A facilidade de locomoção foi essencial para momentos como as mobilizações dos dias de Ação Global dos Povos (AGP).
A AGP é um exemplo dessa globalização da luta, que por meio da mídia independente tem organizado mobilizações em todo o mundo contra instituições como o Banco Mundial, FMI, OMC, e G8. Em 1999, 100 mil pessoas vindas de todos os cantos do mundo: Índios do amazonas, operários japoneses, sindicatos espanhóis, camponeses franceses, médicos sem fronteiras, anarquistas, ecologistas, hackers entre outros muitos foram capazes de boicotar a reunião da Organização Mundial de Comercio (OMC) e após isso varias reuniões massivas tem acontecido onde essas entidades se reúnem.

(Boicot em Seattle)
Os levantes populares em Chiapas (FZLN) e Oxaca (Assembléia popular dos povos) no México, os Mapuches, estudantes e mineradores no Chile, Piqueteros na argentina, movimentos indígenas equatorianos, os sem terra brasileiros, os camponeses colombianos, o movimento cocalero na Bolívia, a Ação Global dos Povos (AGP), entre outros muitos movimentos que estão mudando a sua realidade local, desafiando a marginalização do estado globalizado e as injustiças promovidas por ele.
Preocupemo-nos com as guerras civis africanas, a escravidão na Ásia, os milhares de imigrantes que são forçados a entrar na ilegalidade ou são expulsos, à caça as baleias no mar do japão, o efeito estufa no mundo todo, a violenta repressão no recente protesto na Itália contra o G8, a censura que os jornalistas estão sofrendo na China a poucos dias de começar as olimpíadas. Em resumo: preocupemo-nos com cada uma das injustiças deste mundo.

Assumamos que cada violação dos direitos humanos é uma violação contra cada um de nós, cada cidadão condenado a morte é cada um de nos condenado à morte. O outro sou eu e eu sou o outro, por isso apoiemo-nos e lutemos pelo outro. Pois a minha liberdade se potencializa com a liberdade do outro.


“Temos a tarefa de construir um movimento global que substitua o controle financeiro e industrial, criando uma nova economia com base na justiça, um meio ambiente saudável, um respeito aos direitos humanos e antes de tudo a Liberdade” –ativista em Seattle ’99, no Dia de Ação Global dos Povos.

Critilo²

sábado, 12 de julho de 2008

Marchando contra uma Lei

(panfleto da marcha)

Na semana de “Calma”, contatos com 8 organizações sociais e sindicatos (como a CUT, o colégio de professores, o de transporte e de saúde) foi combinada uma paralisação e 4 marchas que chegariam até a Praça Itália. Mas a Intendência de Santiago desrespeitou a constituição chilena (art.19 §13) “ O direito à reunião pacifica e desarmada sem aviso prévio nas praças, ruas e demais lugares de uso publico” e negou tanto as 4 marchas quanto a concentração na Praça Itália. Ao chegar as 10 da manha na Praça Itália havia ao redor de 200 estudantes que aguardavam á chegada das demais instituições. Cerca de 1 hora depois chegaram e a marcha começou liderada pelos professores, mas não durou mais de meio quarteirão pois um jato d’água da policia que molhou os que estavam na frente ‘abriu’ o inicio da repressão à marcha, ônibus cheios de policiais chegavam, mais de 20 blindados lançando gás 5 carros lança-água e mais de 20 cavalos investindo nos manifestantes. Após aproximadamente 30 minutos de caos e de tentativa de continuar a marcha independente do operativo de guerra montado pelas forças especiais se decidiu fazer o reencontro na avenida Alameda a uns 5 quarteirões do palácio presidencial. Desliguei-me da massa para passar despercebido pelos vários blindados que circulavam e dos pontos de controle da policia nos pontos de acesso a avenida.

(ponto de controle em frente a Mc Donald´s)Quando finalmente cheguei me deparei com 6 mil pessoas na avenida cercadas por cavalos, barreiras de contensão, com a tropa especial com seus escudos e cassetetes e finalmente os lança água com seus canhões mirando na manifestação. No total 20 mil soldados de forças especiais reprimiriam a manifestação. Uma verdadeira emboscada tinha sido planejada.

(barreira de contensao e soldados do GOPE)

(forças especiais ameaçam fotografo com granada de gás) Após o final do discurso do presidente da CUT e do colégio de professores se leu uma carta da Assembléia de estudantes, que foi encerrada pelo recomeço da repressão. Vários jatos d’água carregados com químicos que tem o efeito similar ao gás lacrimogêneo, mas mais potente, banhavam a multidão que corria procurando uma brecha nas barreiras montadas pela policia. Finalmente as barreiras foram derrubadas e a multidão se esparziu pelas ruas laterais, fazendo barricadas e pequenas emboscadas com “Pingüins” jogando bombas de pintura nos blindados.

(um pouco da multidão reunida na av. Alameda)

(Bomba de pintura estourada no chão e o onibus do gope chegando...)

Eu, que não sou partidário dessa violência, que só deslegitimiza o movimento e o faz perder seriedade e credibilidade, decidi que era momento de voltar para a casa. Mas a cavalaria da policia estava esforçada a barrar a passagem para o metrô. Então tive que procurar outra estação. Para chegar até ela tinha que caminhar uns 7 quarteirões, mas a avenida principal estava cheia de policiais. Tinha que ser por uma rua paralela, na esquina, apareceu um lança água que me molhou a cabeça, tive que me ‘refugiar’ numa entrada do metro dos jatos d’água enquanto outros do meu lado jogavam as bombas de pintura, de longe vi que a cavalaria estava avançando. Nesse ponto corri para a rua paralela enquanto 15 soldados de forças especiais desceram dum ônibus blindado, 10 deles foram para a entrada do metro, mas 5 deles começaram a perseguir os que entravam na rua paralela. Correndo, com os olhos se fechando pelo ardor, 4 quarteirões depois, os policias paravam a perseguição após prender um dos pingüins que tinham caído. Finalmente cheguei ao metro. Somente horas depois os efeitos do gás e d’água jogada pela policia paravam de fazer efeito. No total foram presas mais de 154 pessoas, 700 granadas de gás lacrimogêneo foram lançadas e 2 fotógrafos foram feridos. Cada dia percebo mais o preço que a juventude latino americana tem que pagar a custa do lucro e do beneficio de poucos. “America latina está plantada pelos ossos e sangue dos nossos jovens” diz uma canção que de vez em quando escuto por ai.

domingo, 6 de julho de 2008

Uma Relativa Calma



O período de relativa “calma” divulgado publicamente pelos estudantes e professores foi irrompido 4ta feira ao redor das 7 da noite no centro, na Praça de Armas, quando começaram a se juntar vários estudantes, universitários, professores e militantes de agrupações revolucionarias. Bandeiras, pancartas, panfletos, discursos e uma verdadeira Insurreição pegou desprevenidos policia, que só consegui reacionar quando a marcha estava a menos de 1 quarteirão do palácio presidencial. A reação logicamente foi rodear a marcha com blindados e escudos, como a passagem foi negada até o palácio a marcha decidiu marchar pelas ruas alternativas ate a avenida principal, gerando congestionamento, mas foi surpreendente como a maioria das pessoas que estavam presas no transito apoiou a marcha. Tudo estava pacifico até que um carro da policia que tinha ficado preso no congestionamento foi rodeado pela marcha e os vidros foram quebrados. Após isso, o GOPE (operações Especiais) chegou por uma rua de pedestres com blindados na intenção de dispersar a marcha, que se reuniu depois na avenida principal em frente á Biblioteca Nacional e criou barricadas que novamente foram reprimidas violentamente pelo GOPE. Após a marcha ser dispersa, se reuniu na Praça Itália, onde desta vez a policia reprimiu duma maneira que lembrava os velhos tempos de Pinochet: Inteligência da policia vestidos de civis, portando armas de fogo, que apontaram em direção dos manifestantes em diversas ocasiões e prendendo pelo simples fato de marchar. Há relatos não confirmados que dizem que novamente um policial atirou para o ar. Fica em divida o treinamento psicológico que os policiais recebem para lidar com marchas e situações fora do normal, o mais fácil é reprimir o mais rápido possível. Após a marcha finalmente terminar com tanta repressão, um comunicado assinado pelas organizações que tinham participado foi divulgado:

“Se é que chegamos a este nível e se estamos dispostos a ser presos é por que acreditamos na legitimidade de nossa luta! O de hoje não foi nem será uma ação isolada. A luta segue e seguirá até que a educação e a sociedade consigam a igualdade social”

A próxima semana as mobilizações em massa recomeçaram, a lei será votada no senado. A ACEUS comunicou que após uma semana de “calma” varias alianças foram feitas com diversos sindicatos. O cordão de Peñalolen também se dedicou a melhorar a sua estrutura. O vídeo feito pelo canal independente “canal Barrial” mostra um pouco do ambiente dessa insurreição.... detalhe no minuto 2:03 no canto direito do vídeo, o cra q entrega um panfleto para o cara q esta dentro do taxi ;)

Critilo²

sábado, 5 de julho de 2008

A Mão que Liberta não pode ser a mão que Escraviza (Parte II)

Depois de me desligar da ocupação, voltei para casa, onde tive o luxo de comer e dormir quente num colchão. O dia seguinte começava com tudo. As 11h o CEP (cordão de estudantes de Peñalolen), com a maioria dos que estavam na ‘okupa’ da escola, faria uma Intervenção Cultural, que usa a arte em todas as suas formas para se expressar o protesto: uma arte subversiva e marginada (o chamado Terrorismo Poético pelos anarquistas) que propõe uma mudança na cotidianidade do ser humano urbano e assim ‘acordá-lo’.
Mas nessa mesma hora acontecia uma votação que decidiria se a ocupação da escola continuava ou não embora estivesse combinado às 16h com os da ‘okupa’ então quem estava na intervenção não conseguiu votar. Essa mudança foi a primeira de muitas que acabaram mostrando uma manipulação organizada pela diretoria para desfazer a ocupação. O resultado logicamente foi favorável a volta ás aulas, mas a mudança de horário jogou contra a diretoria. Um 43% dos alunos votaram, o que pelas regras invalidaria a votação, como deveria ter acontecido com a proposta da escola no dia 25.

(Uma aluna que chagava da Intervenção olha a desocupação)


Após a divulgação do resultado da votação, se reuniu a assembléia de estudantes para decidir se aceitava o resultado da votação a ocupação terminava. Para não cometer de novo os mesmos erros, a assembléia decidiu não aceitar a votação e continuar com a ocupação.
Mas quando o resultado foi comunicado aos professores, eles ignoraram a decisão da assembléia e a invalidez da votação, comunicaram que a ocupação tinha que acabar e começaram a tirar as cadeiras da barricada. Nesse momento eu não sabia com certeza quanto da escola tinha votado, e ao perguntar a coordenadora ela me garantiu que mais do 60% da escola tinha votado, mas o fato era outro.

(Os professores tirando as cadeiras da barricada)


Acabava assim a ocupação, mas pela forma que terminou, radicalizou tanto a diretoria quanto os alunos mobilizados e a convivência dentro da escola tem sido num ambiente de tensão senão de hostilidade.
Mas os frutos da ocupação seriam outros, sexta-feira seguinte a comissão de arte fez uma Intervenção Artística num dos pontos mais emblemáticos do centro, a Praça Itália, e logo após em frente a uma subprefeitura onde se juntou um grupo de estudantes da escola “Manuel de Salas”, que estiveram em ocupação por mais de 1 mês.

(A Intervenção de sexta-feira na praça Itália)


Esta semana TEORICAMENTE foi uma semana onde as mobilizações em marchas diminuiriam para que os cordões e demais agrupações destinassem seu tempo para criar mais coordenação e planejamento para a semana que vem, onde uma marcha se juntara na Praça Itália vindos de 4 pontos estratégicos de Santiago. Além disso aconteceu um Referendo coordenado pelas varias organizações da educação onde a população conseguiu expor o seu parecer sob o dever do estado na educação, o lucro, a administração e o projeto de lei.


Critilo²