A globalização é o atual processo em que o capitalismo se encontra, é uma pseudo evolução do Neoliberalismo, conseqüente do final da guerra fria e hegemonia dos EUA. É por meio deste processo que a cultura regional é substituída por uma cultura artificial, que existe em todos os países, mas não representa ninguém.O único que prega é o consumo e a conseqüente alienação.
Nesse contexto, America latina é o “laboratório” de muitas teses políticas e econômicas impostas pelos EUA: o plano Colômbia e a “segurança democrática” do presidente Colombiano Uribe é a maior expressão da política bélica e "anti-terrorista". A ALCA ou TLC é a implantação econômica dessa globalização, onde a America latina volta a ser colônia, mas a metrópole desta vez serão as multinacionais (outro exemplo da globalização), regulada pela “Mão Invisível” do mercado.
Para fazer resistência e o mais importante, construir uma alternativa é necessário a união de todos os que fazem parte da luta pela justiça. Pratiquemos o Internacionalismo, mas não por meio dos estados e governos, mas pelos movimentos e assembléias sociais, de base e democráticos.

Reconheçamos nossas diferentes culturas, aprendamos nossos idiomas e identifiquemos nossos pontos em comum, aprendamos com os erros e acertos dos demais movimentos e agrupamentos. Desconheçamos essas linhas imaginarias que chamamos fronteiras e globalizemos nossas lutas.
Aceitemos que a globalização é o atual processo histórico, mas o usemo-lo a nosso favor. A internet tem um grande valor, graças a ela você lê o que escrevo, graças a ele eu sei o que acontece na Colômbia, no Brasil, na África, Ásia, Europa e até mesmo na cidade onde moro. Mídia independente (rádios, revistas, panfletos e sites), blogs, o Orkut, todos os recursos que temos podemos usá-los a nosso favor. A facilidade de locomoção foi essencial para momentos como as mobilizações dos dias de Ação Global dos Povos (AGP).
A AGP é um exemplo dessa globalização da luta, que por meio da mídia independente tem organizado mobilizações em todo o mundo contra instituições como o Banco Mundial, FMI, OMC, e G8. Em 1999, 100 mil pessoas vindas de todos os cantos do mundo: Índios do amazonas, operários japoneses, sindicatos espanhóis, camponeses franceses, médicos sem fronteiras, anarquistas, ecologistas, hackers entre outros muitos foram capazes de boicotar a reunião da Organização Mundial de Comercio (OMC) e após isso varias reuniões massivas tem acontecido onde essas entidades se reúnem.
(Boicot em Seattle)
Os levantes populares em Chiapas (FZLN) e Oxaca (Assembléia popular dos povos) no México, os Mapuches, estudantes e mineradores no Chile, Piqueteros na argentina, movimentos indígenas equatorianos, os sem terra brasileiros, os camponeses colombianos, o movimento cocalero na Bolívia, a Ação Global dos Povos (AGP), entre outros muitos movimentos que estão mudando a sua realidade local, desafiando a marginalização do estado globalizado e as injustiças promovidas por ele.
Preocupemo-nos com as guerras civis africanas, a escravidão na Ásia, os milhares de imigrantes que são forçados a entrar na ilegalidade ou são expulsos, à caça as baleias no mar do japão, o efeito estufa no mundo todo, a violenta repressão no recente protesto na Itália contra o G8, a censura que os jornalistas estão sofrendo na China a poucos dias de começar as olimpíadas. Em resumo: preocupemo-nos com cada uma das injustiças deste mundo.
Assumamos que cada violação dos direitos humanos é uma violação contra cada um de nós, cada cidadão condenado a morte é cada um de nos condenado à morte. O outro sou eu e eu sou o outro, por isso apoiemo-nos e lutemos pelo outro. Pois a minha liberdade se potencializa com a liberdade do outro.
“Temos a tarefa de construir um movimento global que substitua o controle financeiro e industrial, criando uma nova economia com base na justiça, um meio ambiente saudável, um respeito aos direitos humanos e antes de tudo a Liberdade” –ativista em Seattle ’99, no Dia de Ação Global dos Povos.
Critilo²
Na semana de “Calma”, contatos com 8 organizações sociais e sindicatos (como a CUT, o colégio de professores, o de transporte e de saúde) foi combinada uma paralisação e 4 marchas que chegariam até a Praça Itália. Mas a Intendência de Santiago desrespeitou a constituição chilena (art.19 §13) “ O direito à reunião pacifica e desarmada sem aviso prévio nas praças, ruas e demais lugares de uso publico” e negou tanto as 4 marchas quanto a concentração na Praça Itália. Ao chegar as 10 da manha na Praça Itália havia ao redor de 200 estudantes que aguardavam á chegada das demais instituições. Cerca de 1 hora depois chegaram e a marcha começou liderada pelos professores, mas não durou mais de meio quarteirão pois um jato d’água da policia que molhou os que estavam na frente ‘abriu’ o inicio da repressão à marcha, ônibus cheios de policiais chegavam, mais de 20 blindados lançando gás 5 carros lança-água e mais de 20 cavalos investindo nos manifestantes. Após aproximadamente 30 minutos de caos e de tentativa de continuar a marcha independente do operativo de guerra montado pelas forças especiais se decidiu fazer o reencontro na avenida Alameda a uns 5 quarteirões do palácio presidencial. Desliguei-me da massa para passar despercebido pelos vários blindados que circulavam e dos pontos de controle da policia nos pontos de acesso a avenida.
Após o final do discurso do presidente da CUT e do colégio de professores se leu uma carta da Assembléia de estudantes, que foi encerrada pelo recomeço da repressão. Vários jatos d’água carregados com químicos que tem o efeito similar ao gás lacrimogêneo, mas mais potente, banhavam a multidão que corria procurando uma brecha nas barreiras montadas pela policia. Finalmente as barreiras foram derrubadas e a multidão se esparziu pelas ruas laterais, fazendo barricadas e pequenas emboscadas com “Pingüins” jogando bombas de pintura nos blindados.
No total foram presas mais de 154 pessoas, 700 granadas de gás lacrimogêneo foram lançadas e 2 fotógrafos foram feridos. Cada dia percebo mais o preço que a juventude latino americana tem que pagar a custa do lucro e do beneficio de poucos. “America latina está plantada pelos ossos e sangue dos nossos jovens” diz uma canção que de vez em quando escuto por ai.


